fbpx

Dr. Marcio Nattan

Enxaqueca: Tratamento Preventivo com Anticonvulsivantes

A enxaqueca é uma doença muito comum e pode ser incapacitante. O tratamento adequado pode controla-la e devolver a qualidade de vida perdida pelas inúmeras crises e outras complicações da doença.

O tratamento da enxaqueca sempre deve levar em consideração 3 dimensões: tratamento das crises, medidas de estilo de vida e tratamento preventivo. Hoje vamos falar sobre o uso de Anticonvulsivantes no tratamento preventivo da enxaqueca.

Muitos pacientes se assustam quando recebem uma prescrição de medicações anticonvulsivantes para o tratamento da enxaqueca. Por isso, é importante esclarecer alguns conceitos fundamentais.

Todas as medicações orais utilizadas atualmente no tratamento da enxaqueca não foram desenvolvidas para esse fim. A descoberta do efeito dessas substâncias (anticonvulsivantes) sobre a enxaqueca se deu em estudos que investigavam sua ação em outras doenças, nesse caso a epilepsia. Quando os pesquisadores perceberam que esses pacientes com epilepsia e enxaqueca, estavam melhorando de suas dores de cabeça ao usar anticonvulsivantes, passaram a estudar o uso dessas medicações em pessoas que não tinham epilepsia, mas apenas enxaqueca. Esses estudos comprovaram que essa classe de medicação tem indicação em pessoas que sofrem somente com enxaqueca. O mesmo aconteceu com outras classes, como os antidepressivos e anti-hipertensivos.

Existem duas medicações anticonvulsivantes com bons estudos e indicação de uso em pacientes com enxaqueca: o Topiramato e o Valproato (ou Ácido Valproico).

O Topiramato está entre os medicamentos mais utilizados no tratamento da enxaqueca, em todo o mundo. É o medicamento oral que tem melhor comprovação de efeito em pacientes que tem dores de cabeça muito frequentes devidas à enxaqueca (> 15 dias de dor por mês).

Assim como qualquer medicação, o Topiramato pode ter efeitos colaterais. Alguns são transitórios e não causam maiores transtornos. Outros podem ser mais duradouros e inconvenientes. Alguns efeitos colaterais são: formigamentos nas extremidades, perda de peso, esquecimento de palavras, cálculo renal, fadiga e sonolência. Nem todos os pacientes apresentam efeitos colaterais. Além disso, uma forma de facilitar a adaptação e reduzir os efeitos colaterais é começar com dose baixa e aumentar gradualmente até a dose alvo do tratamento. O uso do Topiramato não é recomendado durante a gestação.

Outro anticonvulsivante disponível para o tratamento da enxaqueca é o Valproato. Seu uso é contraindicado para mulheres com possibilidade de gestação, pois a medicação tem riscos indesejáveis de malformação fetal. Portanto, o uso é reservado para pacientes homens ou mulheres após a menopausa.

Alguns efeitos colaterais possíveis do Valproato são: ganho de peso, sonolência, queda de cabelo e desconforto gastrointestinal.

Uma questão importante de todas os tratamentos preventivos é o tempo para se observar melhora. De uma maneira geral, todos os tratamentos preventivos levam de 4 a 12 semanas para apresentar os efeitos desejados: redução da frequência e da intensidade das crises. Em alguns casos, mesmo com crises frequentes, os pacientes observam uma redução da intensidade dos sintomas, ou uma melhora da resposta ao tratamento analgésico. Um fator fundamental para se conseguir os resultados desejados é a aderência correta ao tratamento, ou seja, uso diário e regular, conforme prescrito e orientado pelo médico.

O tempo de duração do tratamento é muito variável e depende da gravidade da doença, da possibilidade do paciente de mudança do estilo de vida e de fatores genéticos. Entretanto, é importante que o paciente saiba que não se trata de um tratamento de curto prazo, sendo necessário no mínimo 6 a 12 meses de tratamento preventivo.

Se você sofre com enxaqueca e tem impacto em sua qualidade de vida, é fundamental que esteja em acompanhamento médico. Para saber mais, continue lendo os próximos posts! Informação é fundamental para o melhor resultado do tratamento.

Gostou desse conteúdo? Compartilhe!