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Dr. Marcio Nattan

O Pseudotumor – Série Camaleões: Nem toda dor de cabeça é Enxaqueca

A dor de cabeça é um sintoma de diversas doenças. Muito mais comum nas causas primárias (saiba mais nesse post), ela também pode aparecer como principal sintoma nas cefaleias secundárias – como o Pseudotumor cerebral.

A primeira coisa importante sobre o Pseudotumor é justamente o que o nome significa: não se trata de tumor! A doença, de causa ainda não conhecida, acontece devido a um desequilíbrio entre a produção e absorção (ambas contínuas) de líquor (o líquido que banha nosso cérebro e medula). Com o aumento do volume do líquor, em um compartimento fechado (a meninge), acontece um aumento da pressão craniana.

O primeiro caso foi descrito em 18971, por Quinke, e sabemos que à época não se dispunha de exames como a Tomografia Computadorizada ou a Ressonância Magnética. O que o pesquisador notava é que algumas pessoas desenvolviam sintoma semelhantes aos do tumor cerebral (aumento da pressão intracraniana), mas quando vinham a falecer e eram submetidas à autópsia, não havia qualquer indício de um tumor. Daí o nome: pseudo (de mentira) tumor.

A doença é relativamente rara, acontecendo em cerca de 2 a cada 100.000 pessoas. É bem mais comum em mulheres e na maioria das vezes está relacionada ao sobrepeso/obesidade. O sintoma mais comum é a dor de cabeça, que pode assumir diversas formas, inclusive imitando a dor da enxaqueca. Outros sintomas comuns são: turvação visual transitória, zumbido pulsátil no ouvido, dores no pescoço, visão dupla e perda visual.

Pseudotumor-Cerebral-2-guia-da-cefaleiaPara o diagnóstico são necessários exames complementares. Em primeiro lugar um exame de imagem, preferencialmente a  ressonância magnética, para excluir outras causas de aumento da pressão intracraniana (como o próprio tumor cerebral ou a trombose de veias cerebrais). O exame do líquor confirmar o aumento da pressão e também descarta outras causas como infecções. Também é necessário o acompanhamento neuroftalmológico, com avaliação regular do campo visual.

O tratamento se dá com medicamento e medidas não farmacológicas. As mais importantes são: perda de peso e dieta com pouco sal. Essas medidas são muito efetivas para a resolução na maioria dos casos. Entretanto, pelo menos em fase inicial, comumente é necessária uma medicação capaz de reduzir a produção do líquor. Em casos raros essas medidas são insuficientes, e nesses casos dispomos de procedimentos cirúrgicos como a derivação ventrículo-peritoneal, ou a fenestração do nervo óptico. Outro procedimento, com utilização muito pontual, é a angioplastia venosa cerebral.

A principal complicação da doença, quando não controlada adequadamente, é a perda progressiva da visão. Atualmente é uma das causas mais importantes de cegueira em adultos. Entretanto, com as medidas corretas, felizmente a grande maioria dos pacientes evolui sem comprometimento significativo da visão.

Informação é fundamental para o melhor resultado do tratamento! Se quiser saber mais sobre cefaleias, siga nossos posts (@drmarcionattan).

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