Pessoas com enxaqueca frequentemente apresentam outro problema de saúde associado. Transtornos psiquiátricos, dores crônicas como a lombalgia, doenças respiratórios e transtornos do sono são alguns exemplos de doenças mais comuns entre os enxaquecosos. Algumas dessas doenças são fatores de risco para a piora da enxaqueca. Em outros casos há uma via de mão dupla, em que a doença é fator de risco para a enxaqueca e a enxaqueca também aumenta o risco da doença. É o caso da depressão, que atinge até 40% das pessoas com enxaqueca crônica. Estudos sugerem que a regulação do humor e dos fenômenos da enxaqueca compartilham de algumas vias neurais, o que explicaria essa influencia bidirecional. O transtorno de ansiedade também é muito comum e acomete cerca de 1/3 das pessoas com enxaqueca crônica. A obesidade é um importante fator de risco para cronificação e o controle do sobrepeso pode auxiliar na melhora das crises. A privação de sono é um importante gatilho para crises de enxaqueca. Insônia pode ser um fator de piora. Apneia obstrutiva do sono pode ser uma causa isolada de dor de cabeça matinal, além de frequentemente piorar a enxaqueca. Para essa população, o tratamento da apneia pode gerar uma melhora muito significativa da cefaleia.
Outra consideração importante é que a enxaqueca pode aumentar o risco de doença cerebrovascular. Para mulheres que tem enxaqueca com aura e utilizam anticoncepcional com estrogênio esse aumento de risco é muito significativo, e o uso do contraceptivo deve ser discutido com o médico. Para todo paciente com enxaqueca é importante avaliar e prevenir outros fatores de risco vasculares como hipertensão, colesterol alto, diabetes e tabagismo.
A avaliação do paciente com enxaqueca vai muito além da dor de cabeça. Informação é fundamental para o melhor resultado do tratamento.