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Dr. Marcio Nattan

Enxaqueca na Mulher

A enxaqueca é uma doença negligenciada, muito frequente, e com alto potencial de comprometimento da qualidade de vida. No principal estudo epidemiológico mundial ela é a primeira causa de anos vividos com incapacidade abaixo dos 50 anos de idade, e a primeira quando consideradas todas as idades.

Sua distribuição na população não é homogênea: cerca de uma a cada quatro mulheres (25% da população feminina) sofre com enxaqueca. Esses números são bem diferentes antes da puberdade. Esse é o primeiro fato que aponta para a influência dos ciclos hormonais que se iniciam na menarca. Durante a gestação e após a menopausa a frequência de crises tende a diminuir, mas nem sempre isso é acontece.

Antes de compreender o fator hormonal, é importante ressaltar que a manifestação da enxaqueca, tanto em mulheres quanto em homens, tem uma importante base genética. Cada pessoa é então exposta a fatores externos (como estresse) e internos (como a flutuação hormonal) que influenciam a manifestação e a gravidade da doença.

Na menarca a mulher começa a desenvolver ciclos mensais de flutuação do estrogênio, que é apontado como o principal fator determinante das crises. A causa parece ser especificamente a queda dos níveis de estrogênio que acontece alguns dias antes da menstruação, e não a presença do hormônio em si. Tanto é verdade que, durante a gestação em que os níveis aumentam consideravelmente, a frequência das crises tende a diminuir.

A maioria das mulheres que tem enxaqueca refere crises no período peri-menstrual (entre 2 dias antes e 3 dias depois do início da menstruação). Em alguns casos as crises são restritas a esse período, quando se dá o nome de enxaqueca (ou migrânea) menstrual. Nesses casos pode-se considerar um tratamento direcionado apenas para o período peri-menstrual.

Outro fator relevante à saúde da mulher é o risco do uso de contraceptivo com estrogênio em pacientes com enxaqueca. Atualmente esse risco é considerado apenas para mulheres que apresentam enxaqueca com aura. Nesses casos, é altamente aconselhável a troca para outra forma de contracepção (ex.: formulações com progesterona isolada, DIU).

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